então, eu sempre tiro as pilhas do relógio pra que ele possa chegar. o tic-tac incomoda e eu não quero incomodar. os ponteiros dormem enquanto nos distraímos um com o outro. o telefone não toca mas também nem precisa tocar. o mundo não respira mas também nem precisa respirar. o tempo passa mas, poxa, nem precisava passar. então, eu sempre tiro as chaves da porta pra que ele possa ficar. a solidão me incomoda e eu não quero incomodar. os porteiros dormem enquanto nos lembramos um do outro. o rádio não toca mas também nem precisa mais tocar. a cidade não pára mas também nem precisa mais parar. a campainha não chama mas, poxa, bem poderia chamar. então, eu sempre tiro as roupas do caminho pra que ele possa voltar. a saudade me incomoda e, não, eu não quero incomodar.
btear