POESIA
Bruno Bezerra
(A Prece do Amor)
A inspiração aflora
A poesia acontece
É chegada a hora...
De o amor mostrar-se em prece.
COLARES DE ESMERALDAS
Bruno Bezerra
(poema do projeto Noronha – Imagem e Poesia)
A cor de tuas águas
Tanto no mar de fora quanto no mar de dentro
Dois mares, dois colares... de esmeraldas
De um lado... as esmeraldas tranqüilas
Do outro... as agitadas
Porém, todas belíssimas
Estejam elas, vibrantemente calmas
Ou serenamente açoitadas.
Assim Noronha é banhada... e guardada,
Por dois mares que são dois colares... de esmeraldas.
NÓ GÓRDIO
Bruno Bezerra
Mulheres!...
O que seria de nós
Se não fossem as mulheres?
Um ser atroz!...
Seria cada um de nós.
Um ser incompleto!...
Um algo incerto.
Infelizes!...
Seríamos nós
Se estivéssemos a sós
Com nossos nós
E sem as mulheres...
AGRESTE AZUL E ALARANJADO
Bruno Bezerra
Paz de espírito e clima de Agreste
Com vento bom de fazenda
Num alpendre celeste
E uma rede de renda.
Passarinho assobiando
Junto com o sol de fim de tarde
E o vento perambulando
Desprovido de vaidade.
E o vento... O vento do Agreste é afetivo
Como carinho de avô
Aquele carinho sem motivo
Ou melhor, o único motivo é o amor.
E o cheiro de mato verde
Correndo solto na campina
Aprisionado pelo vento
E pelo perfume... Da morena-menina.
E um gosto alegre de milho verde
Assado e cozinhado
E mesmo sendo do céu
O sabor é um pecado.
E o som da poesia
Musicada com a alegria
Do xote e do baião
Do forró e do xaxado.
E o céu... O céu do Agreste
Cenário azul e alaranjado
Onde a tarde beija a noite
E o sol dorme enluarado.
Eita!... Que saudade do Agreste
Do Agreste que vive em mim
E esse... Esse nunca terá fim!...
BAÍA DOS PORCOS
Bruno Bezerra
(Morro Dois Irmãos)
Serenos são teus seios negros ao mar
Ornatos supremos de um éden despido...
Onde o regozijar nos faz te ver sem te olhar
Na acepção de sentir o que ali está contido.
Baía convergente da beleza de um lugar
Onde um pouco da gente deixamos por lá
E um muito de lá conosco sempre estará
Na visão imponente que da ilha é o altar.
Do mirante sentimos a veleidade... Voar
Com a presença de Deus pairando ali no ar
E em tuas águas assenhoreiam-se os desejos.
Seios negros que aguçam os sentidos...
Eis o mais belo dentre os bustos audazes
Onde o esplendor enfeitiça olhares.
TODA MULHER
Bruno Bezerra
Toda mulher deve ser amada
No dia-a-dia conquistada
No ser mãe endeusada
Na cama desejada
Na boca beijada
Na alegria multiplicada
No lar compartilhada
No seu dia festejada
Na tristeza consolada
Na queda levantada
Na luta encorajada
No trabalho motivada
No aniversário presenteada
Na alma massageada
Na beleza admirada
Na dificuldade ajudada
No cangote bem cheirada
Na vida abençoada
No mundo inteiro respeitada
E sempre que possível... abraçada.
AGORA
Bruno Bezerra
(o tempo presente)
O futuro só existe...
Na inquietude constante
De um presente amiudado.
E o passado sobrevive
Numa cela de vidro
De um presente que insiste
Em todo dia... sonhar acordado.
FINADO SENADO
Bruno Bezerra
(dedicado ao 12 de setembro de 2007 no Senado Federal)
Triste fim do Finado Senado
No papel do descarado
Insolente e desavergonhado
Triste fim do Finado Senado
Estrelando o gangrenado
Arrogante e mal-intencionado
Triste fim do Finado Senado
Fingindo-se de coitado
Sendo falaz e mascarado
Triste fim do Finado Senado
Vivenciando o desonrado
Ímprobo e empenado
Triste fim do Finado Senado
Na pele do depravado
Corrompido e desmoralizado
Triste fim do Finado Senado
Incorporando o desmascarado
Sem moral e avacalhado
Triste fim do Finado Senado
Vivendo um desencarnado
De alma vendida... ao diabo.
A mais segura caminhada
Bruno Bezerra
Desde muito cedo
O analfabetismo me fez medo.
E em busca de novos horizontes
A educação me impediu, de caminhar a esmo.
E me ensinou caminhar para bem longe
Sem sair de perto de mim mesmo.
AURA PERNAMBUCANA
Bruno Bezerra
Arremessado em pensamentos
Com o Recife às costas
E o peito aberto ao mar
Consigo sentir respostas
No sopro das águas
A minh’alma abraçar.
A mente suspira
O mundo respira
Com o poder secular
Soprado de lá...
Do mar a professar.
O caminho que trouxe Nassau
Vereda de Holanda e Portugal
Suavizando a mente
Uma brisa sem igual
Emana solamente
Das águas mornas que banham
Pernambuco, lenda real
Estado de espírito... imortal...
Viva São João!
Bruno Bezerra
Durante o São João
Não é o Nordeste que respira a alegria...
É a alegria que respira o Nordeste.
AMPARO SAGRADO
Bruno Bezerra
Amor de mãe é o que existe
Na inquietação e no sossego
Como se não existisse
Distância, só aconchego...
O TUDO
Bruno Bezerra
(poeminha da pior verdade)
No Brasil peitudo
Que falta quase tudo
Tem-se também de tudo...
Contudo, falta o tudo
Que é a qualidade do estudo...
Para jovens, adultos e crianças
Sobretudo...
A MEDIDA
Bruno Bezerra
Não se preocupe em amar demais
Tampouco de menos.
Ame simplesmente a contento
Demais ou de menos, não importa...
Ame de dentro pra fora e de fora pra dentro
A todo e qualquer tempo
No frio ou no calor
Na calmaria ou no vento
Jamais perca tempo
E nunca esqueça
Que a medida de amar
É a contento...
JUSTIÇA
Bruno Bezerra
Não é o mar de Noronha que tem a cor das esmeraldas
São as esmeraldas que têm a cor do mar de Noronha.
AS ONDA
Bruno Bezerra
(poema do projeto Noronha – Imagem e Poesia)
Ondas que parecem abraços
Calorosos, afetuosos, apertados...
Em verdade
As ondas de Noronha
Não são ondas, são abraços...
Que lavam a alma
De homens, arraias e barcos...
TRIBUTO AO LIVRO
Bruno Bezerra
(poeminha do prazer)
O sumo prazer humano
Sente o ser que é seduzido
Não apenas pela leitura
Mas, sobretudo, pelo livro
Porque o livro é o corpo
E a leitura, o espírito...
Vermelho I
Bruno Bezerra
Agora, o que mais desejo
Desejo em vermelho
Do beijar tua boca vermelhaça
E bela... como um mar de rosas
Rosas vermelhas...
De um vermelho-sangue ardente
Molhado... e quente
Não um molhado de mar
Mas um molhado de gente... da gente.
Calmaria
Bruno Bezerra
Tempo ameno
Sem palavras ao vento
Sem vento, ao menos
Mas com uma gritante tentação
Que silencia feito trovão
De desejo de você
De vontade de te ver
De solidão...
SONETO DA AUTENTICIDADE
Bruno Bezerra
(para o mestre Ariano Suassuna)
Expoente muito mais do que digno
Da alma e da autêntica cultura nordestina.
Autor duma obra que traz um brio condigno
Expresso em livros e no abrir das cortinas.
Professor... Escritor... Igualou-se aos gênios
E fez da aula, um nobre espetáculo
Multiplicando o valor de cada vocábulo
Como se todos tivessem algum irmão gêmeo.
De vigorosa identidade e analogia cultural
Porque Mateus, todavia preferiu os seus
Tal qual na história do Movimento Armorial.
Notável dramaturgo, mundialmente paraibano
Que o Nordeste há tempos vem atiçando
E o Brasil reverencia como Mestre Ariano.
Empreender é o pensamento seguido da atitude de fazer acontecer
Bruno Bezerra
VIVÊNCIA
Bruno Bezerra
É quando a vida nos ensina
Uma “nova” lição
Em cada velha esquina.
INESTIMÁVEL VALIA
Bruno Bezerra
Se tudo na vida tem seu preço
Quanto vale matar uma grande saudade
Sem prazo de validade...
Sem meio, fim, nem começo?
SONETO DO ESPELHO DE DEUS
Bruno Bezerra
(ao mar de Fernando de Noronha)
Mar que reflete o céu
Colírio do triste olhar
Onde a onda faz-se véu
Na união íntima entre terra e mar.
Onde o mar tem a cor de Deus
E Deus tem a cor do mar
Que não se cansa de batizar
O paraíso no meio do mar.
De um mar que é espelho
E perpetua-se a banhar
Um arquipélago no meio do mar.
Mar de Noronha, espelho de Deus
Hei de te amar, ó divino mar
Presente que Deus nos deu.
APIPUCOS
Bruno Bezerra
Sonhei caminhando num arco-íris
Onde pareciam milhões
As suas sete cores...
Era um arco-íris modesto
Enfeitado com árvores e flores
Plantadas na praça e nas calçadas
Onde passarinhos diversos
Orquestravam a trilha sonora
Em acordes que lembravam versos
Com direito ao sol das sete horas
E a doce sombra de outrora
Mas quando acordara do sonho
Notei que sonhara acordado
Um sonho mimado
Que nascera naquele mesmo instante
Do encantamento de minhas visões
Mas eu não estava maluco
Eu estava em Apipucos
Deslumbrado com a alma das cores...
De seus ilustres casarões.