Frases de Ana Carvalho

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Encontradoss 15 pensamentoss de Ana Carvalho

pinta menina.
borda. troca de roupa.
toca o sino.
corre menina…
o sol já vai se pôr e você nem percebeu…
porque ainda tinha champanhe.
e eu que tinha tanto a lhe dizer.
hoje não sei.
mas vê se entende..
que o mundo é grande demais pra caber na sua janela.

.

Ana Carvalho

vinho tinto.
seco. rasgado. suado. molhado.
desce cortando. sangrando.
uma dose. duas. três.
mão na cabeça.
encrenca.

hoje não.
a taça que caiu da mão.
alí.
no chão.

agora não.
ainda sangra.
enquanto entorpeço.
e esqueço.

um brinde.
então!
peço-te, entre tanto…
que não me cuide.

hoje…
juntar-me-ei à taça.

Ana Carvalho

passam. horas. pessoas. dias. passam…
e nada passa.
nem a pressa desajeitada trajada em cores.

que de meia no escuro. tropeça.
que de poesia a fotografia… fala.
tumulto. no fundo…
que bate. por quem bate…
e faz rir.
da graça mais sem graça.

porque meu time perdeu
a luz acabou.
o tempo fechou.
a vela apagou.

da reza me esquecí.
ele não esqueceu.

tudo esquecí.
até de mim.

ele lembrou.
abraçou.. e dormiu.

psiu…

é que ele é tão lindo, romântico e cafona
que eu fico boba toda
e o café esfria.

enquanto nada passa.

Ana Carvalho

Eu amo isso. Eterno vai e vem, essa coisa brusca e desenfreada, que me arrasta, depois esquece… comove! complica, arde, alivia, e sempre comove! Isso que move, orienta e desorienta. Minha caneca metade cheia, a blusa grande, os pés pequenos. Faz frio, e ninguém sabe ao certo a medida do tempo.

Seu braço, meu abraço. o cheiro do shampoo, o gosto do doce e do amargo. os cds nas capas erradas, minha suave bagunça. os livros que eu nunca terminei. as folhas que eu não escrevi, as que eu fiz voar. Aviãozinho, sapinho, barquinho, chapeuzinho. eu sei. Sei mais…

É mais do que ir. é estar! sentir, ser…. vida!!!
deixar o vento levar, a voz ecoar, o sol rachar. a boca gelada, sangue quente, pulmões limpos, café, beijo, queijo, goiabada.

eu danço pra vida. e a vida dança pra mim.
vindas e idas. vai ser sempre assim.

Ana Carvalho

Gosto do gosto. do cheiro. do tato.
me faço em pedaços. te faço. rasgo. bebo. inebrio. e esqueço.
prego com ima de padaria na porta da geladeira. pra lembrar.

de ligar. e comprar pão.
gosto to gasto. do ralho. do falho.
te desenho. escrevo. prego. penduro. estudo. e nem assim entendo.

são tantos números. e nunca me dei bem com eles.
a razão da equação não me cai bem.

e a noite cai.
pra quem é de noite. ou entende matemática.
Gosto do gasto. do braço. do abraço. de bom dia. do cheiro. do café. das fitas coloridas.
dos outdoors nas avenidas. do íma. das rimas. de ti.

que não está na minha geladeira.

Ana Carvalho

Qual sua graça?
CPF! certidão de idade! de sanidade! de cidade!
dólares em reais.
certidão de morte!
Qual sua desgraça?
Por quem você ora?
Cinco vezes vire-se à Meca.
Com quem você faz ora?
O que te alimenta?
Quantas horas?
bússola orienta!
Em quem você vota?
esbórnia desorienta!
hóstia engorda.
se é que vota.
exilada maria madalena!
Nulo é covardia.
em paredes de banheiro
Anular é dedo.
pra rir: Horário Eleitoral.
Toda bossa é nova.
pra chorar: política.
Toda prosa é trova.
Deixa tudo e vambora!
apresse tua oração
que o Futuro já foi.
sem fazer ora
no lombo do Boi.

Ana Carvalho

Hoje não é dia. nem de dia é dia. porque pulou pra fora do calendário.
e ninguém viu. o dia fugir ontem a noite.

então eu fico comendo brigadeiro e vendo amélie poulain.
dublado mesmo. porque isso não me chateia hoje. nem desgosto. de gosto.. só o do brigadeiro. outras vezes nem isso.
As vezes é muito tempo. em câmera lenta. legendado. disfarçado. amaldiçoado.
Tudo que eu cozinho queima.

todos os dias meu café esfria. minha saudade mata. meu silêncio grita.
minha gaita enferruja. meu travesseiro sonha. minha fome come. meu menino some. por trás do allstar verde.

mas deixe. que tudo da cozinha se queime. que a geladeira fique aberta. que o dia fuja. pra onde não existam relógios.

ainda tem brigadeiro. e amélie poulain.

Ana Carvalho

A coisa mais linda..
minha família!
minha vó, minha prima.
até minha tia que irrita…

barracos inesquecíveis!
abraços hereditários.
primos incríveis…
heróis imaginários.

programas de índio,
até sessão da tarde.
banho de rio…
e buteco da esquina.
pra pouca verba…
e muito verbo.

tudo combina..
e vira tinta..
na cara de quem não se cansa,
nem descansa.

Só de pirraça.
pra quem tem a raça…
de ser do carvalho!

Ana Carvalho

De tão vagabundo entende tudo. Sabe muito porquê viu de mais. Sabe nada! Como os que muito aprendem.

Sai batendo por aí, pra qualquer um na rua. Distribuindo beijos em outdoors. Caindo aos pedaços. dilacerado. esfarrapado. remendado. vagabundo!
Acelerado. abalado. sobressaltado. disparado. Vagabundo!

Bate por qualquer música vadia. por qualquer estrela bandida. rima perdida. Bate sem rebate. Pelo gosto de bater e de vagabundo ser.
Bate na mesa do buteco sem precisar dizer: “mais uma”.
Bate com gosto, vagabundo por profissão.

Açoitado por palavras cotidianas e pães dormidos amanhecidos com o dia, comidas italianas, bancas de crianças. E lá vai… vagabundeando pelo mundo. Batendo só por bater.
Gritando. berrando. sorrindo. gargalhando. chorando. morrendo. batendo! pulsando!

Sangrando. pra lembrar que está vivo.
Vagabundo!

Engolindo tudo e vomitando pelas esquinas.
Mal comidas angústias, mal vividos amores. Vomita, e vomita. Depois sacode. E vagabundeia na busca do vômito de amanhã.

Ah vagabundo… se te arrancasse do meu peito, com todos teus amores mal cozidos. Passando pela garganta sentindo seu sangue, engolindo teu sacro fardo. Vomitar-te-ia. Desfaleceria e morreria. Porque sem tu vagabundo. Meu peito desmerece ser peito. Minha lágrima soluça sem chorar, meu riso não acha graça, meu canto não encanta. Sem tu Vagabundo… meu sangue esfria, minha retina desfalece, meus sentidos não opinam. Minha vida não vive, Minha morte não morre. Antes tu coração vagabundo. Do que a paz artificialmente colorida.

Ana Carvalho

as flores que eu digo.
de nada tem, dos ventos que me vêem a cabeça.

Ana Carvalho

Um dia, mais um. Desses que acontecem depois de ontem, e antes de amanhã. Começa antes do sol,e termina depois .. sabe-se lá quando termina, ainda não chegou. talvez não termine. “O fim… é belo e incerto” já dizia a música. São mais bonitas quando tristes. Assim como os filmes, ou as palavras. mas não o tempo. o tempo não fala.

E o despertador grita. relembrando que meus 5 minutos de acréscimo terminaram. A seleção não fez nada, porquê eu faria? meu patriotismo está de greve. e também o ânimo, e a fome, e a lucidez.

Depois de atirar o tempo pela janela, me virei. Decidí matar o dia. Afinal se ele começa quando acordo, termina quando durmo.

Ana Carvalho

é que você não dorme
nem acorda.
não fuma esse cigarro.
nem joga fora.
não tem prece. só pressa.

as vezes não tem…
outras jogando truco com o verbo, pronome e artigo “o”.
nunca sei…
só que não gosto da ênclise.
de você eu gosto.
até do gosto e do gasto.

um dia eu aprendo..
aonde começa o sim e termina o não.

Ana Carvalho

Se pudesse,
se as pernas dessem pé.
Se gritasse!
desmiolasse!
dormisse…

Se tu soubesse…
Da penitência que a vela reza. do terço
de farinha
preço do pão.
metade da ironia,
saudade suada. Molha camisa,
um olho alegria,
outro de raiva.
coca-cola com vinho.
Seco, rasgado.

Pintado de verde o muro.
Pichado de vermelho sangue.
de penitência reza.
de loucura preza.
paciência espera.
desepera!

Passa lento.
tempo pra quem conta dias.
cadarço descalço
corre, foge
fogo!
foge!

Nem se a vela apagasse
você eu soprasse.
nem que endoidasse… diria: “Te Amo!”
Porque te amo uai!

Amém

Ana Carvalho

vento sacode lento a rede vazia.
vitrais refletem sol
no corpo da menina
debruçada na varanda
varanda do céu
menina do mundo

a pressa não passa
quando cabelo balança
sem querer o céu.
nem nada

vento sacode a saia
embaraça os cabelos
leva embora o inverno
e o girassol.

Pra sempre vai ventar
e tudo voar.
e voar.
e voltar.

talvez ela espere.
a marujada passar
com cantigas de ninar
com a flor seca entre os dedos.
espere.

.

Ana Carvalho

Nunca sei ao certo. O que é certo, o que é discreto. O que é sensato.
Sei o que quero! até quando não quero. ou até mudar de idéia.

Não tenho razão, não tenho certeza. Nem anéis eu tenho.
estou certa! e não sou discreta!

por que as pessoas me irritam tanto?!

eu fico tonta se penso.
se não penso. não existo. nem fico tonta.

Bebo café sem doce. escrevo sem nexo. Jogo baralho e falo palavrão.
odeio sapatos e órdens. gosto de sorvete e do meu pai.

Fico lendo. fico quieta, fico inquieta.
fotografo o que se move. e o que nunca vai se mover.
Esqueço do livro, da órdem, do progresso, da desordem.

jogo baralho e falo palavrão.

Ana Carvalho


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