minha casa
Alice Ruiz
o sapo já sabe
entrar e sair
quantas coisas
Alice Ruiz
um sonho quer dizer
e não diz?
Sol com sol
Alice Ruiz
no teu aniversário
um sol maior
Neve ou não neve
Alice Ruiz
onde há amigos
a vida é leve
Assim que vi você
Alice Ruiz
Logo vi que ia dar coisa
Coisa feita pra durar,
Batendo duro no peito
Até eu acabar virando
Alguma coisa
Parecida com você
Parecia ter saído
De alguma lembrança antiga
Que eu nunca tinha vivido,
Mas ia viver um dia
Alguma coisa perdida
Que eu nunca tinha tido
Alguma voz amiga
Esquecida no meu ouvido
Agora não tem mais jeito,
Carrego você no peito
Poema na camiseta
Com a tua assinatura
Já nem sei se é você mesmo
Ou se sou eu que virei alguma coisa tua
lesma no vidro
Alice Ruiz
procura uma sombra
que seja ela mesma
Que o breve seja de um longo pensar. Que o longo seja de um curto sentir. Que tudo seja leve de tal forma que o tempo nunca leve.
Alice Ruiz
sombra da luz
Alice Ruiz
na lua e na rua
alvo do lago
jardim sem flor
Alice Ruiz
entre as páginas do livro
a rosa e sua cor
Ano que termina
Alice Ruiz
areia cheia
conchas mínimas
o menino me ensina
Alice Ruiz
como um velho sábio
o quanto sou menina
Te procuro
Alice Ruiz
nas coisas boas
em nenhuma
encontro inteiro
em cada uma
te inauguro.
Que viagem
Alice Ruiz
assim que você chega
a abóbora vira carruagem
silêncio de folhas
Alice Ruiz
bananeira secando
à beira da estrada
Depois que um corpo comporta outro corpo, nenhum coração suporta o pouco.
Alice Ruiz
folha seca
Alice Ruiz
sobre o travesseiro
acorda borboleta
Era rio
Alice Ruiz
agora na avenida
rio da vida
quem ri quando goza
Alice Ruiz
é poesia
até quando é prosa
Cada onda
Alice Ruiz
reflete na areia
a nova lua cheia
Correndo risco
Alice Ruiz
a linha do corpo
ganha seu rosto
voltando com amigos
Alice Ruiz
o mesmo caminho
é mais curto
Fora de mim
Alice Ruiz
imagino na paisagem
a imagem do que fui
fim de tarde
Alice Ruiz
depois do trovão
o silêncio é maior
A gaveta da alegria
Alice Ruiz
já está cheia
de ficar vazia
Uma moça polida levando uma vida lascada.
Alice Ruiz