A rosa do povo

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Encontrados 671 pensamentos de a rosa do povo

Todo o perigo da dor
não é seu próprio doer:
é a sua anestesia.
A dor que já não se sente,
nem em si e nem nos outros.
A dor que perdeu a voz.
A dor a que falta o espasmo.
A dor que não causa espanto.
A dor que não mais revolta.
A dor que nos fez eunuco
no amargo céu da impotência.

Valter da Rosa Borges

Todo sonho é um fato
que ainda falta acontecer.

Valter da Rosa Borges

Todo titular do poder, seja ela uma pessoa ou um grupo, procurar sempre manter-se nele indefinidamente.

Valter da Rosa Borges

Todos vigiam e são vigiados.
Eis o que é segurança.

E a liberdade?

Valter da Rosa Borges

tomando banho só
no riacho escondido -
cantos de bem-te-vis

Rosa Clement

Tortura tecnológica
para manter quase vivo
o que quase morto está.

Valter da Rosa Borges

Tudo não pára de viver,
tudo não pára de morrer.
Eis a imortalidade!

Valter da Rosa Borges

Tudo que é bom dura o tempo suficiente para ser inesquecível.

Thatyane Rosa

Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo.

Guimarães Rosa

Tudo parece indicar que a tendência do universo não é a manutenção do nomadismo do elétron, mas do seu aproveitamento no sistema operativo do átomo. A rigor, talvez, não existam elétrons livres na natureza, porém em trânsito de um sistema atômico para outro, na conformidade das leis de atração, que regem o microcosmo. O associacionismo parece ser a impulsão teleológica do universo. A unidade, a sua permanente meta. Uma unidade cada vez mais rica operacionalmente. Por isso, o elétron que, como unidade, tem um campo di-minuto, sente-se atraído a participar da unidade maior do átomo. Por sua vez, os átomos procuram associar-se a outros átomos, segundo as suas estruturas eletromagnéticas e afinidades químicas e, assim, sucessivamente, do átomo à molécula, da molécula à célula, numa escala cada vez mais complexa de associações, na síntese de individualidades cada vez mais estáveis, até atingir o fenômeno humano e - o que nos parece lógico - prosseguir além dele.

Valter da Rosa Borges

Um ateu diria que Deus
fez esse mundo tão mal feito,
tão cheio de sofrimentos
que ficou envergonhado
e até hoje vive escondido.

Valter da Rosa Borges

Um dia, ficamos adultos
e os nossos brinquedos mudaram.
Ninguém pode viver sem seus brinquedos.

Valter da Rosa Borges

Um dia, morreremos
(ou acordaremos?).
E, se acordarmos,
o que seremos?

Valter da Rosa Borges

Um dia, todos seremos
um dos bilhões de esquecidos,
que tinham a ilusão
de continuarem lembrados.

Valter da Rosa Borges

Um dia, volveremos ao infinito.
Onde estaremos? E o que seremos?
O nada do infinito não responde,
pois não há ninguém para escutar.

Valter da Rosa Borges

Um inimigo visível pode ser vigiado.
Um inimigo invisível nos vigia.

Valter da Rosa Borges

Um vazio pulsante é o que somos,
vivendo na ilusão da solidez.
Matéria são vazios que colidem.
As formas são momentos do vazio.
Tudo é mudança.
Mas, o que dirige
a universal mudança do vazio?

Valter da Rosa Borges

Um vazio pulsante é o que somos,
vivendo na ilusão da solidez.
Matéria são vazios que colidem.
As formas são momentos do vazio.
Tudo é mudança.
Mas, o que dirige
a universal mudança no Vazio?

Valter da Rosa Borges

Uma estátua, por mais bela,
não se equipara
à pessoa mais humilde.
Uma simples planta no jardim
é mais formosa
do que qualquer natureza morta.

Valter da Rosa Borges

Uma folha que cai
desarruma o universo.
O respiro de uma ave
afeta o clima da Terra.
O balançar de uma teia
e aranha afeta a galáxia.
Uma criança que nasce
muda o destino do mundo.
Cada gesto de amor
salva toda a humanidade.

Valter da Rosa Borges

Uma forma sutil de apego: a apego ao que se sabe.

Valter da Rosa Borges

Uma forma sutil de escravidão:
a opinião dos outros.

Valter da Rosa Borges

Uma gota se formando...
E de gota em gota forma-se um rio
e o rio sabe do seu destino
desde quando era gota
As pedras, as folhas secas do outono,
as quedas e os remansos
e por fim o (a)mar.

Joyce Rosa de Sousa

verdes vindo à face da luz
na beirada de cada folha
a queda de uma gota

Guimarães Rosa

Viver é consumir e consumir-se.
Só na morte não há consumo.

Valter da Rosa Borges


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